Benchmarking de boas práticas do Sistema Educativo Finlandês
3 representantes da Insignare, José Pegada, Coordenador do Gabinete de Controlo da Qualidade, Margarida Rodrigues, Diretora Pedagógica da EPO, e Renato Guiomar, Diretor Pedagógico da EHF, participaram, entre os dias 11 e 14 de abril, numa formação de benchmarking de boas práticas do sistema educativo finlandês, país que ocupa o primeiro lugar de entre os países europeus em vários estudos científicos realizados (ex. PISA), em áreas como a leitura, as ciências ou a matemática. Este é mais um projeto apoiado pelo Programa Erasmus +.
A formação, além de incluir a intervenção de vários agentes educativos, nomeadamente apresentações do município, de diretores de escolas, de empresas que desenvolvem software pedagógico, entre outras, contou também com a visita a uma escola profissional de grande dimensão (cerca de 3000 alunos, distribuídos por uma sede e três pólos), e a uma escola secundária, a maior da Escandinávia, onde foi possível assistir livremente às aulas que estavam a decorrer no período concedido para o efeito.
Do observado, foi possível retirar várias conclusões, que a seguir se indicam a título meramente exemplificativo: o sistema educativo finlandês assenta numa cultura muito própria, alicerçada no interesse pelo ensino e no gosto pela escola, no respeito dos alunos pelos docentes e colegas, numa atitude serena perante a vida em geral; que pressupõe o domínio das NTIC, quer por parte dos alunos, quer dos docentes, bem como uma ligação Wi-Fi na escola sem constrangimentos e com elevada qualidade; os municípios são os grandes responsáveis pelo sistema educativo finlandês, competindo-lhes, dentro das grandes linhas de orientação definidas pelo governo central, desenvolver os curricula e adaptá-los à realidade de cada município, assente na filosofia de que os professores devem guiar os alunos para a aquisição de competências, e não se devem limitar de todo à exposição de factos (“Skills, not facts”); o trabalho colaborativo é a metodologia de ensino/aprendizagem; A todos os docentes são disponibilizados smartphones e tablets, e os alunos têm à sua disposição tablets nas salas de aula. Os telemóveis dos alunos e/ou tablets são utilizados livremente nas aulas como ferramentas de trabalho, por exemplo, para acesso a plataformas de e-learning, como o Moodle ou Former; a escolaridade obrigatória na Finlândia é até ao final da “comprehensive school”, o equivalente ao 9º ano em Portugal. Apesar de poderem abandonar livremente o sistema de ensino, os alunos raramente o fazem, pois percebem a mais-valia da educação para o seu futuro profissional; os diretores, professores, alunos e funcionários são fluentes na língua inglesa.
Por muito que as taxas de sucesso educativo que este modelo permite sejam apetecíveis, não poderemos incorrer no erro de tentar simplesmente importar o observado e aplica-lo nas nossas escolas, dados os óbvios constrangimentos, de ordem essencialmente cultural, económica e política. Não perdendo estas diferenças de vista, aos participantes nesta formação impõe-se agora o desafio de analisar o observado e definir o que é possível ser implementado, não só com o objetivo concreto de aumentar as taxas de sucesso, mas também o continuar a fazer sempre mais e melhor, uma forma de estar que tem caracterizado as nossas escolas desde há 25 anos.