Competências: nova forma de intervir no mundo profissional
Depois de semanas em que se realizaram milhares de reuniões de Conselho de Turma em todo o país e a palavra “competências” terá sido aquela que mais li nos últimos dias, estava dado o mote para a reflexão que partilho. Está a acontecer uma mudança profunda nos moldes tradicionais da educação profissional pautada por uma nova maneira de educar para o trabalho e para a vida, com base no desenvolvimento de competências. A característica mais importante desta nova metodologia é a medida baseada na aprendizagem e não no tempo, ou seja, os alunos progridem quando demonstram o domínio de competências, habilidades e conhecimentos necessários para realizar uma tarefa num contexto específico e não quando terminam os conteúdos da disciplina. Aos professores, é pedido que não comecem a preparar o plano de aula baseado na identificação dos conteúdos e leituras, mas que comecem por identificar as competências e, em seguida, selecionem os conteúdos, leituras e atribuições para apoiar a realização dos alunos nessa competência específica. Tudo é currículo e o mesmo é estruturado com base nessas competências e habilidades, contemplando as áreas do conhecimento por meio de projetos, módulos de aprendizagem e oficinas, transformando o aluno num sujeito ativo no seu processo de aprendizagem. Independentemente da forma de lá chegar e em vez de perdermos tempo a discutir egocentrismos institucionais devemos, isso sim, tornar a educação uma obsessão nacional. Os países mais bem posicionados nos rankings de competitividade são diferentes uns dos outros, mas têm alguns pontos em comum. O principal é o nível educacional da sua população baseado, em particular, no desenvolvimento de competências. Entre eles destaca-se a Coreia do Sul e a Irlanda que fizeram uma revolução no ensino, na última geração, e hoje já colhem os reflexos no crescimento das suas economias. Até há pouco tempo, o diploma, o saber, oferecia garantias de competências. Hoje, esta visão deixou de ser verdade pois as competências exigem mais do que saberes. Claro que os diplomas são importantes e decisivos em particular na inserção profissional inicial, mas hoje não determinam a permanência no mercado de trabalho, pois esta só será garantida pelas competências adquiridas, validadas e atualizadas, garantindo assim a empregabilidade. Porque vivemos num mundo de incerteza onde a sociedade multiplica ambiguidades e a realidade económica exige preparação intelectual, criatividade e inovação, exige-se em crescente, uma pedagogia para as competências.
Célia Vieira
Docente da EHF